Lu Valença
Artista Plástica e Curadora
Lu Valença
Artista Plástica e Curadora
Qual foi a primeira manifestação criativa da espécie humana? A arte.
Foi empregando a arte que nossos ancestrais puderam expressar e realizar suas ideias, artísticas e linguísticas. Com a primeira manifestação artística, superou-se a falta de educação e recursos, abrindo-se, com a transmissão das ideias por meio de imagens, o caminho para a comunicação e a propagação das ideias. Desta forma, os pensamentos se tornaram visíveis e imediatamente reconhecíveis até mesmo para os iletrados. Essa prática, nos permite afirmar que o homem atual igualmente valoriza símbolos e sinais e reconhece a arte como forma de expressão e entendimento capaz de transpor barreiras como as diferenças culturais, de linguagem e de nível de instrução.
O CONTEMPORÂNEOS foi criado para manter essa tradição acesa, disseminando a importância visceral que a arte tem, em suas variadas formas, de servir como instrumento para que cada indivíduo componha a sua história e escape das pressões cotidianas, dando vazão para suas ideias de maneira única.
No início da minha carreira, encontrei muitas barreiras para me aproximar de outros artistas. Não havia abertura dos mais experientes, não entendia o motivo, como também não entendo ainda hoje. Um certo preconceito, uma indisponibilidade para trocar informações, ideias e conceitos. A solução foi buscar apoio nas comunidades internacionais, acabei fazendo parte de algumas e foi aí que surgiu o sonho de fazer parte de um coletivo. Um intervalo de 8 anos, quando em dezembro de 2017, fui convidada pelo artista plástico francês e Embaixador do Turismo do Rio de Janeiro, Philippe Seigle, para ser curadora de arte do Hotel Sofitel Ipanema. Desde então, além das exposições mensais que promovia no Sofitel Ipanema, realizei exposições em outros espaços do Rio de Janeiro e Niterói, revelando o talento de artistas exponenciais. No ano seguinte, nasceu o Coletivo Contemporâneos, que reúne 22 artistas atuantes no cenário carioca, mineiro e internacional, promovendo ocupações artísticas, marcadas pela diversidade de estilos e linguagens. Com diferentes formas de enxergar a vida, através de expressões que nos levam ao ponto comum da arte.
Acredito na força da coletividade e na importância da arte, principalmente em momentos como o que estamos vivendo. Retomar as atividades do Contemporâneos, foi um chamado natural para amenizar o peso da nossa realidade. Apresentar cada um deles nas lives do EM CASA COM ARTE, acordou esse meu lado de curadora, que ficou suspenso por alguns meses.
Nossa galeria no Instagram tem uma proposta diferente. Todos os dias, faço a curadoria das publicações levando em consideração o tema, a paleta de cores, a poética e, como gosto de pensar, a prosa entre as obras. Oferecemos assim, uma experiência visual, uma exposição que é atualizada todos os dias, com a pluralidade dos artistas.
Não temos a presunção de criar um movimento de arte, mas estamos felizes, em ter um grupo para trocar técnicas, pesquisas e processos criativos. Aprendemos uns com outros e essa é uma experiência enriquecedora.
Paz e Arte!
"O trabalho de Lu Valença, nessa que é nossa cidade, mas também depassando seus limites, sustenta um marco de importância para esta geração e as que virão, fundamentalmente como artista e no laço social que constrói.
Com dois filhos artistas, Maria Maia e Ale Maia e Pádua me vi pega, fui surpreendida, pela importância da arte na vida de alguém, na vida de muitos.
Um público que se volta, que pára , que se torna atento. Ao que?! O que detém alguém diante de uma pintura, de uma obra de arte?
Participei em vários momentos desse Movimento que já dura alguns anos, pela perseverança e direção de Lu, que é "Coletivo Contemporâneos" e pude verificar o quanto o trabalho dessa artista traz não só no prazer em depositar um olhar, quanto a sua obra, mas também a alegria de descobrir entre os nossos, os tantos que criam obras inimaginaveis e os muitos que se aproximam dessas obras em um enlace notável em nossa contemporaneidade.
Muito mais do que se costuma dizer, um quadro é a função em que um sujeito tem para discernir-se como sujeito. E ao fazer um quadro, o artista obra essa coisa que tem por centro o olhar. Estou citando Jacques Lacan, em 1964, quando trabalha em quatro encontros essas questões. Ele diz, entre muitas outras coisas, que o pintor, a aquele que está diante do seu quadro, oferece algo, que em toda uma parte, pelo menos da pintura poderia resumir-se assim: Queres olhar? Pois bem, veja então isso! O pintor oferece algo como pastagem para o olho, mas convida a aquele a quem o quadro é apresentado a depor ali seu olhar como se depõem as armas. Aí está o efeito pacificador, apolíneo da pintura. Algo é dado não tanto ao olhar quanto ao olho, algo que comporta abandono, deposição do olhar.
Lu Valença e Niterói, parabéns por comporem de forma tão presente e tão interessante espaços vitais para as novas criações, para os novos artistas."