A exposição Fragmentos & Narrativas dá continuidade às comemorações do aniversário do Coletivo Contemporâneos, que este ano celebra sete anos de trajetória. A colagem tornou-se parte do coletivo por meio do artista Giancarlo Diniz, que encerra a exposição com uma reflexão essencial em qualquer momento da história contemporânea.

Reunimos dez artistas em torno da colagem, uma técnica que carrega em sua essência a ressignificação — seja do belo e do que nos encanta, seja do existencialismo e da necessidade de repensar nossos caminhos, registrar escolhas e colher seus frutos. Em cada fragmento e narrativa apresentados, enxergamos o artista, o ser humano por trás da criação, como se pudéssemos desvendar suas mentes e compartilhar de suas visões.

A cada exposição, sinto-me ainda mais cativada por esses seres iluminados que são os artistas e suas incansáveis buscas pela expressão. Confira os trabalhos de: Angela Pagliaro, Denise Lima, Fabio Alves, Giancarlo Diniz, Julia Barreto, Lúcia Russo, Maridea De Deus, Natália Gadiolli, Pris Romão e Tatti Simões.

Lu Valença

Artista Visual, Pesquisadora e Curadora

Preview

Angela Pagliaro

 A inspiração foi a minha  própria vida, presente e futura.
A intuição teve papel principal, deixando o pensamento vagar pelas escolhas que fazemos.
 

Título: Escolhas (série)
Técnica: Técnica Mista
Colagem manual, monotipia e tinta acrílica
Dimensões: 30x25 cm (cada tela)
Ano: 2024
Artista: Angela Pagliaro

Mais sobre a artista

Angela Pagliaro é carioca, administradora por formação e artista visual por paixão.
Apaixonada pelo Rio, tem sempre as cores e as montanhas da cidade em suas telas.
Em paralelo ao trabalho na área financeira fez vários cursos de pintura, serigrafia e estamparia mas, foi um curso em especial na Escola São Paulo, de graffiti urbano com Loro Verz, que a atraiu  para a técnica mista e suas muitas possibilidades.
As aulas e encontros, por dois anos, com a artista plástica Suzanna Schlemm lapidaram o olhar, a observação e o desenho.
Angela continua a estampar tecidos mas sua atividade principal é fazer arte narrativa, contar histórias através da técnica mista com o recurso lindo da colagem. 

Denise Lima

Título: Um dia no campo

Técnica: Colagem de recortes de papel, pintura em aquarela e giz pastel oleoso sobre tela com chassis.

Dimensões: 80x20 cm

Recortes de livro de arte que criam fluidez em sequência de cenas com três luas.

Artista: Denise Lima

Título:   Pôr do sol entre árvores 

Técnica:   Colagem de recorte de livro de arte e de recortes de papel sobre papel, pintura em aquarela e giz pastel oleoso. 

Dimensões:   30x21 cm 

 Composição a partir do recorte de uma árvore da pintura de Gonçalo Ivo, onde várias sobreposições formam uma floresta, iluminada pelo pôr do sol ao fundo. 

Artista: Denise Lima

Título:  Mescla sépia 

Técnica:  Colagem de recortes de papel e desenho a lápis de cor em papel, sobre tela com chassis. 

Dimensões:  89x28 cm 

Composição de recortes de reprodução de desenhos preparatórios para a série Tauromaquia de Goya e desenhos de flores e folhas com lápis de cor em papel, criam movimento das figuras em sépia entremeadas e reverenciam o passado e as memórias.  

Artista: Denise Lima

Mais sobre a artista

Denise Lima, graduada em arquitetura pela U.S.U. RJ. É aluna do Parque Lage. Na colagem experimenta cortes em papéis e tecidos. Apresentou trabalhos no Open Studio do Curso "Colagem como forma de pensamento" em 2022 e 2023.

Julia Barreto

Título: Tudo que Você Podia Ser

Técnica: colagens com papéis, desenho e aquarela.

Ano: 2024

Artista: Julia Barreto

Essa obra foi criada para ser a capa do meu futuro livro que está em desenvolvimento, um livro que combina poemas e ilustrações contando diversas histórias em uma, mais que isso, diversas sensações e sentimentos que podemos ter ao longo da vida, e assim, os diversos “eus” que podemos encontrar. Podemos transformar o lado de fora a partir da consciência de que podemos ser muita coisa. A obra retrata uma mulher misteriosa – tal qual Eremita – que começa a sua busca por si mesma e quando iniciada, as diversas cores calorosas aparecem em sua volta como um portal para as infinitas possibilidades de ser quem pode ser. E assim, vai desbravar o mundo (e o seu mundo), representado pela floresta e suas diferentes formas de fauna, como pode se observar nas colagens. A busca eterna de si mesma se inicia.

Título: Meu Mar é Vermelho

Técnica: colagem com papéis, costura com linha para escrita, desenho e acrílica.

Ano: 2023

Artista: Julia Barreto


Envolva-me com teus braços, mas com suas pernas também

Me envolve com o corpo inteiro, a alma e além

Me aperta, me embaraça com a tua paixão

E tudo fica vermelho, pulsando forte meu coração

Te sinto, te evoco, com o olhar penetrante

Como um polvo me enlaça em mínimo instante

Envolvente dos pés à cabeça eu sei

Envolva-me no eterno e jamais te esquecerei

Título: A Floresta faz Festa em Mim

Técnica: colagem com papéis, tecido/renda, carimbo, desenho e aquarela.

Ano: 2023

Artista: Julia Barreto

Tudo o que floresce em mim eu deixo fluir, deixo estar, deixo prosperar. Ir para fora e enraizar. Se dentro eu sou uma festa, com cores, texturas, loucuras, permaneço em estado de felicidade, sorrio, aceno, fecho os olhos e sinto, sinto tudo. Eu sou melhor sozinha? Vivendo no meu mundo, mundo de música e dança, despertando a liberdade, com olhos atentos e corpo fechado, mirando a evolução, tentando me encontrar, e me perco em seguida, me acho, me refaço. A festa continua aqui, mesmo que lá fora às vezes possa parecer sombrio. A festa permanece aqui, porque tudo há de florir.

Mais sobre a artista

Julia Barreto é uma pessoa apaixonada pela comunicação e pelas diversas formas de expressão, acreditando que a arte é um instrumento da alma. Ela aprecia o poder de transformação e criação que a arte proporciona. Publicitária de formação e atuante na área de comunicação há mais de 10 anos, atualmente está também dedicando-se à construção de seu livro de ilustrações e poemas. Essencialmente, considera-se uma artista de poemas e poesias, mas recentemente tem se aventurado em aulas de colagem e diversas outras técnicas visuais para alimentar sua alma. 

Natália Gadiolli

Cabelos ao vento… digo, cabeça ao vento… melhor, cabeça de vento! Vento, ventania, poesia, agonia… se chorava ou sorria? Já não lembro, não dá tempo! Eis a vida, gerada e parida. Corrida! Não, não ficamos esquecidas, ficamos é lembrando de tanta coisa ao mesmo tempo, que algumas se vão com o vento e, assim, vai se descarregando a mente tão sobrecarrecagada de cuidar de outra gente…

Título: (Des)Carga Mental

Técnica: Colagem

Dimensões: 15x21cm

Artista: Natália Gadiolli

Mais sobre a artista

Natália Gadiolli é capixaba. Mãe da Amelie e do Heitor. Atriz apaixonada pelo teatro, pelas artes da cena. Encantada com a colagem desde criança, arte manual que lhe permite construir e desconstruir, montar, editar, ressignificar. O papel, a tesoura e a cola são suas ferramentas favoritas. Atualmente em um caso de amor com o scrapbook, outra vertente da colagem num diálogo com o artesanato e a memória.

Fabio Alves

Nesta colagem, trabalho a ideia de identidade e amor-próprio, desafios para quem não se encaixa em padrões sociais. Aqui, falo de amor-próprio ao tocar minhas pernas atrofiadas pela deficiência física, ao mostrar minha muleta como extensão do corpo e ao exibir parte de minhas tatuagens. Cicatriz é marca dada pela vida, tatuagem é a marca que escolho carregar. Ambas fazem parte da minha identidade, que exercito no mundo pelo meu olhar: aquele que me destaca no topo de tudo aquilo que sou. 


Título: Corpo padrão ou corpo possível?

Técnica: colagem com fotografia digital.

Dimensões: 47x80cm

Artista: Fabio Alves

Mais sobre o artista

Fabio Alves, natural de São Paulo, descobriu sua paixão pela fotografia explorando espaços urbanos e naturais. Inicialmente utilizando o celular, refinou seu olhar e, ao longo dos anos, fotografou a arquitetura da cidade, dominando técnicas de edição. Em 2024, com a transição para uma câmera DSLR, aproximou-se da natureza e criou imagens das quais mais se orgulha. Nas redes, adota o pseudônimo "O apanhador de cenas", refletindo sua trajetória como pessoa com deficiência em um mundo capacitista. Psicólogo e fotógrafo, vê a arte como um resgate do lúdico e uma forma de resistência e expressão. 

Lúcia Russo

Nesta série composta por 3 colagens, apresento minha interpretação de algumas fases e momentos da vida, que todos um dia já vivenciamos ou que ainda iremos vivenciar.

Mergulho

Numa analogia ao mar profundo, quanto mais nos aventuramos, com ou sem medo,  cada um com sua velocidade, mais nos adaptamos aos novos ambientes e às nossas singularidades.

Dúvida

Luta frequente e difícil nas mais diversas situações da vida: ouvirei a razão ou a emoção? Como escolher entre ser racional ou emocional? Há um equilíbrio possível?

Perdas

Toda perda causa dor e tristeza. É parte do processo de crescimento. Devemos nos permitir sentir essas emoções e não escondê-las. Somente assim aprenderemos a aceitar e a lidar com esses sentimentos.

Mais sobre a artista

Lúcia Russo, carioca, formada em Administração pela PUC-RJ, sempre teve interesse por música, desenho e escrita. Após anos dedicados à Estatística e Matemática, redescobriu sua paixão pela arte e se especializou em desenho e pintura. A pintura a óleo tornou-se sua principal técnica, embora também utilize acrílica. Seu trabalho, influenciado pelo impressionismo, Edward Hopper e Malcolm Liepke, é marcado por cores vibrantes e forte sensualidade, retratando figuras femininas em momentos íntimos e introspectivos. Utiliza referências fotográficas próprias para compor suas obras, sempre acompanhada pela música, que inspira até os títulos de seus trabalhos. 

Pris Romão

 Pedaço de natureza perfeita 

Técnica: Aquarela e colagem sobre papel 250gr 

Dimensões: 21x29.7cm

Artista: Pris Romão

 Listradas da estrada 

Técnica:  Acrílica , fotografia , colagem e folha de ouro sobre papel 300gr  

Dimensões: 30x40cm

Artista: Pris Romão

 Tropicália 

Técnica: Colagem e acrílica sobre papel 300gr  

Dimensões: 42x29.7cm

Artista: Pris Romão

Mais sobre a artista

Priscilla Romão, carioca, despertou cedo seu interesse pela geometria, perspectiva e arte. Iniciou sua formação artística em 1999 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, aprofundando-se em pintura e desenho. Graduada em Turismo, atuou em eventos e design de móveis antes de dedicar-se integralmente à arte. Atualmente reside em Lisboa, onde continua seus estudos na Sociedade Nacional de Belas Artes. Sua obra, influenciada pelo fauvismo e realismo mágico, explora cor e emoção, inspirando-se na espiritualidade, física quântica e neurociência para estimular o bem-estar e a conexão intuitiva do observador. 

Tatti Simões

Jardim Onírico

Técnica mista: assemblage sobre tampa de caixa de madeira com elementos da natureza, papéis e tecido.

Dimensões: 20 x 28 cm

Ano: 2021

Artista: Tatti Simões


Meu sonho era te encontrar

Segui pelo jardim onírico a caminhar

Deixei para trás alguma saudade, talvez um lar

Em busca da verdade, precisava seguir, me encontrar

Através do seu olhar

Sou flor, sou asas, sou mel, sou morada

Sou amor, estrela e luar

E você, sempre a cantar, me encantar, plantar, sonhar

Me enraizar

Tatti Simões

Melhor Viagem

Série: Entrelinhas da Alma

Técnica: Aquarela, colagem, pétalas, folhas e renda ñanduti sobre papel Canson 160g

Dimensões: 35 cm x 40 cm

Ano: 2023


A melhor viagem é aquela em que contemplamos a paisagem de dentro e de fora.

Tatti Simões

Liberte seu Coração

Técnica: Assemblage dentro de caixa de madeira, cacos de louça

Dimensões: 18 x 18 cm

Ano: 2021


Eu sempre acreditei nos conflitos como fundamento de amores sublimes. Consagrava amores impossíveis e admirava as "burrices" cometidas em nome do amor.

Em E o Vento Levou..., quem poderia ser mais insensata que Scarlett O'Hara? Deixar de viver um grande amor possível com Rhett Butler para passar o filme inteiro confusa e sofrendo por Ashley Wilkes? Mas eu a compreendia tanto.

Não existia nada mais poético do que descobrir seu verdadeiro amor quando já o havia perdido.

Tatti Simões


Trecho do livro Quebra-Cabeça do Amor em Quatro Estações, publicado pela Editora 7Letras.

Mais sobre a artista

Tatti Simões é artista plástica, figurinista, ilustradora, escritora, arteterapeuta e facilitadora em SoulCollage. Sua obra, de caráter romântico e lúdico, explora o universo feminino, a espiritualidade e a conexão com a natureza, utilizando diversas técnicas e materiais. Participou de exposições coletivas e individuais, incluindo “Modernistas”, no Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto. Formada em Comunicação Social e Artes Cênicas, atuou como atriz e desenvolveu coleções de moda inspiradas na literatura. Também cria figurinos para teatro e cinema e lançou o romance ilustrado Quebra-cabeça do amor em quatro estações (2019). 

Maridea De Deus

Por via das dúvidas...

Nesta colagem, busquei explorar a hesitação e a multiplicidade de caminhos possíveis diante da incerteza.

Seja o escritor que você quer ser

Uma colagem em que busco celebrar a liberdade criativa e a infinidade de caminhos da escrita. A mistura de texturas e estilos reforça a ideia de que não há regras fixas para criar.

De cabeça para baixo

Concebi esta composição para evocar um tempo suspenso, onde as palavras impressas perdem sua linearidade e se entrelaçam ao símbolo do galho seco, criando uma tensão entre o efêmero e o perene.

Mais sobre a artista

Maridea de Deus, capixaba radicada no Rio de Janeiro desde 1972, é artista plástica, designer de interiores e ceramista especializada em cerâmica de alta temperatura. Formada pela Universidade Estácio de Sá, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com mestres como Franz Manata e Luiz Ernesto. Suas pinturas, influenciadas por Gerhard Richter e Luís Áquila, exploram cores vibrantes e pinceladas expressivas, guiadas por um processo intuitivo de sobreposições e apagamentos. Suas obras frequentemente incorporam referências arquitetônicas, servindo como ponto de partida para sua expressão artística. 

Giancarlo Diniz

A sutil linha que separa o ardor do amor

Técnica: Colagem

Dimensões: 29,5 x 14,5 cm

Ano: 2021


Uma borrifada de água para aplacar o calor em um show nos anos 70 para confrontar uma borrifada de spray de pimenta para queimar a ânsia de liberdade e expressão popular contra o desmandos dos governos. 

Optei pela simples inserção, com um clipe de papel mesmo, para deixar evidente que essa sutil linha que separa os dois é móvel e instável. Um eterno medir de forças e testar limites. 

Estamos sendo mais reprimidos hoje em dia ou estamos mais atentos aos vários tipos de repressão?

Quem policia quem?

Técnica: Colagem

Dimensões: 21x29 cm (cada)

Ano: 2021


Até que ponto somos livres? Até que ponto temos poder de escolha?

Somos um povo livre desde que façamos o que os governos mandam?

Mesmo quando o governo nos mata, nos fere?

Quando o povo se levanta e vai as ruas, o governo, que deveria ser o representante dos desejos do povo reage.

Saca sua espada.


 Smash Fascism! 

 Técnica: Colagem

Dimensões: 21x29 cm (cada)

Ano: 2021


 Sufoca gritos 

Tempera olhos e gargantas com pimenta.

Quem governa o governo?

Quem policia a polícia?

Até quando vamos sustentar calados quem nos bate, quem nos fere, quem nos mata?

Até quando vamos alternar entre suor e sangue no rosto?

Mais sobre o artista

Giancarlo Diniz, natural de Ubá (MG), formou-se em Comunicação Social e desenvolveu desde a infância uma relação intuitiva com a arte. Após explorar diversas técnicas, encontrou na colagem sua maior paixão, unindo Arte Contemporânea e Pop Art para criar um estilo singular. Suas obras, feitas com fragmentos de revistas, evocam memórias afetivas e paisagens idílicas, combinando volume e profundidade com técnicas próprias de recorte e tratamento do papel. Inspirado pela natureza e pelo cotidiano, busca transportar o espectador para lugares vividos ou sonhados. 


Livro de Assinaturas


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