MODERNISTAS 1922-2022
A Semana de Arte Moderna, provocou grandes mudanças, buscou implementar novos processos na confecção das artes e dar-lhe uma identidade mais brasileira. Um dos principais objetivos era o rompimento com a estética da arte acadêmica, especialmente do parnasianismo. Hoje, precisamos romper com o negacionismo, com o desmonte da cultura brasileira em meio a uma pandemia mundial. A classe artística, com certeza, foi uma das que mais sentiu os impactos causados por 2 anos de incertezas, desamparo e perseguições descabidas.
No momento histórico em que vivemos, nos pareceu natural celebrar o Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 em Ouro Preto. Lugar mágico, que carrega nossa história, arte e orgulho. Queremos provocar reflexão e trouxemos, como inspiração, o espírito questionador dos Modernistas Originais em 24 obras da coleção de Carlos Eduardo Leal.
Sabemos que ao fim de toda pandemia, a humanidade fez um movimento natural de valorização das várias expressões da arte. A corrente começa a correr em sentido inverso, buscando a interiorização e a valorização do ser. Experimentamos no último século uma corrida desenfreada pelo ter e deixamos de lado atividades que edificam a singularidade humana, como a criação através da sensibilidade.
A identidade é uma característica fundamental da experiência humana, pois possibilita ao ser humano a sua constituição como sujeito no mundo social. A arte nos convida a refletir sobre a forma como nos enxergamos e à aceitação do outro, independente de status social, livre de imposições e estereótipos. Aceita múltiplos discursos sobre a universalidade das relações, identidades e diversidade na cultura da sociedade atual. O reconhecimento e a valorização dos sujeitos, a promoção da igualdade e do respeito à diversidade são imprescindíveis para a concretização de uma sociedade mais justa. O artista contribui para a desconstrução e desnaturalização de preconceitos, afirmando que todos nós temos direito às diferentes possibilidades de expressão e vivência.
Com Modernistas 1922-2022, propagamos nossas esperanças. Estamos prestes a viver mais uma vez a consciência coletiva de que precisamos repensar nossas práticas em relação a nossos semelhantes e a natureza. De certo modo, com outras ferramentas, que promovem a globalização e democratização da arte, como parte essencial na manutenção da sanidade e da nossa sobrevivência. Tanto como, ao parir formas, o Triângulo das Artes, composto por 27 artistas contemporâneos, não se permite pudores desnecessários e incentiva a pluralidade, a criação visceral, sua maior riqueza enquanto movimento artístico.
Convidamos você a resgatar seus símbolos e orgulho.
Paz e Arte!
Lu Valença
curadora-chefe